31.8.07







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Brasil é tema da Galeria de Cinema do ICHF em setembro

No mês em que se celebra a Independência do Brasil, o Cineclube “Galeria de Cinema” retrata a realidade social e política brasileira, com exibição de clássicos do cinema nacional, sempre às quartas-feiras, às 13 e às 18 horas, com entrada franca. A grande novidade do projeto, que se realiza desde abril, será a inclusão de um filme de curta-metragem antes de cada longa. As sessões ocorrem na Galeria de Artes do ICHF, situada no Campus do Gragoatá da UFF, Bloco O, térreo.
Dia 05, serão exibidos o curta “Poeminha biológico para JB” (2006), de Christian Caselli, e o longa “Terra em transe” (1967), de Glauber Rocha. Personagens típicas do Brasil de hoje e de ontem, os políticos corruptos - reais ou fictícios - estão no centro das narrativas de ambos.
Dia 12 é a vez de “Quem matou Elias Zi?” (1986), curta de Murilo Santos, seguido de “Vidas secas” (1963), de Nelson Pereira dos Santos. Aqui a personagem é o povo, o trabalhador rural e o retirante nordestino, expulsos de suas terras pela força dos homens e pela força da natureza, respectivamente.
Dia 19, o operariado entra em cena em “Eles não usam black tie” (1981), de Leon Hirszman, antecedido pelo curta “Criaturas” (2005), de Márcia Brêtas, onde temos já um ex-operário no poder.
Dia 26, tanto o plano geral do Brasil de “Cronicamente inviável” (2000), de Sérgio Bianchi, como o plano detalhe de “Ilha das flores” (1989), curta de Jorge Furtado, revelam a lógica perversa do sistema de exclusão social do país.
Após as sessões, o público presente poderá ainda debater os temas suscitados, ou deixar comentários on line acessando www.galeriadeartesdoichf.blogspot.com .

26.8.07


CEP 20.000
Centro de Experimentação Poética
17 ANOS DE BALBÚRDIA!!!



TEATRO DO JOCKEY
TERÇA, 28/08
20 h - 6 reais



OPAVIVARÁ (performance) - COLÉGIO ANDRÉ MAUROIS (cenas) - CONTRACAPA (rock) - BIA & CIA (perf.) - DUDU PERERÊ + IVNY MATOS (perf.) - DANIEL SOARES (poesia)- JUJU HOLANDA (poe.) - MAURIÇÃO (imagens) - ALEXANDRE VOGLER (perf.) - DADO AMARAL (poe.) - ROMÃ NEPTUNE + CAROL BRU ( poe.) - ERNESTO SENA ( poe.) - PEDRO ROCHA (poe.) - PEDRO LAGE (poe.) - CINECEP = RENATA THAN & CHRISTIAN CASELLI - TRIO CHOROBOP (choro) - LEO MARTINELLI (poe.) - HEYK PIMENTA (poe.) - ANDRÉ SHEIK (perf.) - AIMBERÊ CESAR (perf.) - FERNANDO DE LA ROQUE (video) - FERNANDO GERHEIN (vídeo) - ANDRE BRITO (vídeo)



MC CHACAL

24.8.07

Truffaut no Cine Arte UFF


Ai, que delícia! Volto a estudar francês e logo me deparo com uma mostra de filmes do Truffaut! De 15 a 20/09, no Cine Arte UFF. Segue a programação. Acrescento que dos que vi, "O homem que amava as mulheres" é sensacional, e dei falta d"A história de Adele H.", que também é maravilhoso! "A noite americana", "Os incompreendidos" e "Jules e Jim" tem em tudo que é locadora... A maioria dos filmes dessa mostra não se acha pra alugar - é realmente imperdível!


Dia 15 de setembro - sábado
18h40
A SEREIA DO MISSISSIPI
La sirène du Mississipi, França/Itália, 1969, 120'
com Jean-Paul Belmondo, Catherine Deneuve
21h
O ÚLTIMO METRÔ
Le dernier métro, França, 1980, 130'
com Catherine Deneuve, Gérard Depardieu


Dia 16 de setembro - domingo
18h30
ANTOINE ET COLETTE
Antoine et Colette, França, 1962, 39'
episódio de O amor aos vinte anos
com Jean-Pierre Léaud, Marie-France Pisier
BEIJOS PROIBIDOS
Baisers volés, França, 1968, 90'
com Jean-Pierre Léaud, Delphine Seyrig
21h
DOMICÍLIO CONJUGAL
Domicile conjugal, França/Itália, 1970, 100'
com Jean-Pierre Léaud, Claude Jade


Dia 17 de setembro - segunda
19h
NA IDADE DA INOCÊNCIA
L'argent de poche, França, 1976, 104'
com Geory Desmouceaux, Philippe Goldmann
21h
O GAROTO SELVAGEM
L'enfant sauvage, França, 1970, 90'
com Jean-Pierre Cargol, François Truffaut


Dia 18 de setembro - terça
19h
ATIREM NO PIANISTA
Tirez sur le pianiste, França, 1960, 92'
com Charles Aznavour, Marie Dubois
21h
A NOIVA ESTAVA DE PRETO
La mariée était en noir, França/Itália, 1968, 107'
com Jeanne Moreau, Michel Bouquet


Dia 19 de setembro - quarta
18h50
UM SÓ PECADO
La peau douce, França/Portugal, 1964, 113'
com Jean Desailly, Françoise Dorléac
21h
O HOMEM QUE AMAVA AS MULHERES
L'homme qui aimait les femmes, França, 1977, 120'
com Charles Denner, Brigitte Fossey


Dia 20 de setembro - quinta
18h30
DUAS INGLESAS E O AMOR
Les deux anglaises et le continent, França, 1971, 131'
com Jean-Pierre Léaud, Kika Markham
21h
A MULHER DO LADO
La femme d'à côté, França, 1981, 106'
com Fanny Ardant, Gerard Depardieu

22.8.07

Minha universidade (Maiakóvski)

Conheceis o francês,
sabeis dividir,
multiplicar,
declinar com perfeição.
Pois, declinai!
Mas sabeis por acaso
cantar em dueto com os edifícios?
Entendeis por acaso
a linguagem dos bondes?
O pintainho humano
mal abandona a casca
atraca-se aos livros
a resmas de cadernos.
Eu aprendi o alfabeto nos letreiros
folheando páginas de estanho e ferro.
Os professores tomam a terra
e a descarnam
e a descarnam
para afinal ensinar:
"Toda ela não passa dum globinho!"
Eu com os costados aprendi geografia.
Não foi à toa que tanto dormi no chão.
Os historiadores levantam a angustiante questão:
- Era ou não roxa a barba de Barba Roxa?
Que me importa!
Não costumo remexer o pó dessas velharias!
Mas das ruas de Moscou
conheço todas as histórias.
Uma vez instruídos,
há os que se propõem
a agradar às damas,
fazendo soar no crânio suas poucas idéias,
como pobres moedas numa caixa de pau.
Eu, somente com os edifícios, conversava.
Somente os canos d'água me respondiam.
Os tetos como orelhas espichando
suas lucarnas atentas
aguardavam as palavras
que eu lhes deitaria.
Depois
noite adentro
uns com os outros
palravam
girando suas línguas de catavento.

20.8.07

Un poème en français (Rimbaud)

Je suis en train d'étudier français, pour un teste que j'aurai demain. Comme je suis très fatiguée, j'ai decidé arrêter un moment et publier ici un poème en français. Alors, voilá Arthur Rimbaud!


CE QU'ON DIT AU POÈTE A PROPOS DE FLEURS

I

Ainsi, toujours, vers l'azur noir
Où tremble la mer des topazes,
Fonctionneront dans ton soir
Les Lys, ces clystères d'extases!

A notre époque de sagous,
Quand les Plantes sont travailleuses,
Le Lys boira les bleus dégoûts
Dans tes Proses religieuses!

- Le lys de monsieur de Kardrel,
Le Sonnet de mil huit cent trente,
Le Lys qu'on donne au Ménestrel
Avec l'oeillet et l'amarante!

Des lys! Des lys! On n'en boit pas!
Et dans ton Vers, tel que les manches
Des Pécheresses aux doux pas,
Toujours frissonnent ces fleurs blaches!

Toujours, Cher, quand tu prends un bain,
Ta Chemise aux aisselles blondes
Se gonfle aux brises du matin
Sur les myosotis immondes!

L'amour ne passe à tes octrois
Que les Lilas, - ô balançoires!
Et les Violettes du Bois
Crachats sucrés des Nymphes noires!...

II

Ô Poètes, quand vous auriez
Les Roses, les Roses soufflées,
Rouges sur tiges de lauriers,
Et de mille octaves enflées!

Quand Banville en ferait neiger,
Sanguinolentes, tournoyantes,
Pochant l'oeil fou de l'étranger
Aux lectures mal bienveillantes!

De vos forêts et de vos près,
Ô très paisibles photographes!
La Flore est diverse à peu près
Comme des bouchons de carafes!

Toujours les végétaux Français,
Hargneux, phtisiques, ridicules,
Où le ventre des chiens bassets
Navigue en paix, aux crépuscules;

Toujours, après d'affreux dessins
De Lotos bleus ou d'Hélianthes,
Estampes roses, sujets saints
Pour de jeunes communiantes!

L'Ode Açoka cadre avec la
Strophe en fenêtre de lorette;
Et de lourds papillons d'éclat
Fientent sur la Pâquerette

Vieilles verdures, vieux galons!
Ô croquignoles végétales!
Fleurs fantasques des vieux Salons!
- Aux hannetons, pas aux crotales

Ces poupards végétaux en pleurs
Que Grandville eût mis aux lisières,
Et qu'allaitèrent de couleurs
De méchants astres à visières!

Oui, vos bavures de pipeaux
Font de précieuses glucoses!
- Tas d'oeufs frits dans de vieus chapeaux,
Lys, Açokas, Lilas et Roses!...

(continue demain...)

ps. Un jour je vais comprendre tout ce que j'ai écrit ici, tout ce que Rimbaud a écrit! Pour ça je vais étudier maintenant. Au revoir! À demain!



16.8.07

Todas as Cartas de Amor são Ridículas

Álvaro de Campos (Fernando Pessoa)


Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.

Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.

As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.

Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.

Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.

A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.

(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)

Mais um poema mexido:

ADORNOS DENTES

Um sorriso doído me tira o sono
Mandíbulas cerradas de dor latejante
Como cravar os dentes na palma da mão, se a dor me vem das raízes?
Como morder a fronha, o travesseiro, pra dor escorrer dos olhos?
Como, se a dor se planta na boca, não deixá-la brotar em sorrisos?
Mostro os dentes cravados nas gengivas como se fossem punhais enterrados no peito.
Meus dentes correm rasgando a gengiva como um punhal lasca a carne viva.
Ostento dentes que são adornos, não mordem.
Só me resta ladrar, uivar, rosnar e sorrir...

12.8.07

Novo do velho poema

Mudei alguns versos de um poema. Achei que ainda não estava bom. Fui mexer mais nele hoje, e a partir de um verso novo, me surgiu um outro poema, que não guarda qualquer semelhança com o primeiro. Achei interessante esse processo. Segue o resultado (ainda não dei título):

queria ser a princesa dos teus contos de fadas
mas nossos reinos são distantes tantas léguas!
você se tranca em seu castelo de cartas
e-mails poemas
eu construo castelos de areia
que a onda leva...

10.8.07

escrevo porque é líquido
é a água que bebo
é a fonte
é com o que me banho

escrevo porque vejo versos no fundo do copo
mas tem sempre um verso avesso
que escorre pelo ralo...

versar

escrevo porque respiro
ou porque o ar me falta
escrevo a plenos pulmões
ou como quem traga um cigarro
escrevo porque inspiro, expiro
escrita é respiração
pode ser entrecortada, ofegante
pode ser calma
pode ser sufocamento
eu gosto é de escrever suspiro

e respirar verso puro

musa mosé

ando exercendo instantes-viviane mosé
amo a poesia dessa mulher. falada. escrita. lida. toda palavra sua é bendita e bem vinda.
seguem alguns de seus versos de que gosto especialmente, porque eu escrevo é pra dissolver tumores:

muitas doenças que as pessoas têm
são poemas presos
abcessos tumores nódulos pedras são palavras
calcificadas
poemas sem vazão

mesmo cravos pretos espinhas cabelo encravado
prisão de ventre poderia um dia ter sido poema

pessoas às vezes adoecem de gostar de palavra seca
palavra boa é palavra líquida
escorrendo em estado de lágrima

lágrima é dor derretida
dor endurecida é tumor
lágrima é alegria derretida
alegria endurecida é tumor
lágrima é raiva derretida
raiva endurecida é tumor
lágrima é pessoa derretida
pessoa endurecida é tumor
tempo endurecido é tumor
tempo derretido é poema

Viviane Mosé (Pensamento Chão, Ed. 7 Letras)

5.8.07

navalhas e bisturis







salvo poemas à beira da morte
talhando palavras com bisturi
como se o deslizasse
sobre a carne humana
corte preciso
e necessário
porque há algo dentro que não vi
um órgão que falha

às vezes meto logo a navalha
puta em briga de rua
que escancara o verbo
puxa a gilete
e se lasca

gosto dos versos descabelados
com que me atraco
no chão imundo
de um pardieiro
fica no ar um odor
que é ainda melhor
que o cheiro do hospital
- o mesmo éter pra todo caso terminal

mas retomo o bisturi
a agulha de cerzir
corto, costuro aqui e ali

há poemas que desmaiam
perdem os sentidos
há os que perdem a vida
na mesa de cirurgia
e há ainda os que morrem à míngua
na fila de espera de um transplante
mas tem poema que fura a fila,
se apressa
no tráfico de órgãos que eu mesma faço
não pondo preço,
mas por puro apreço
a alguns versos

médica ou puta
bisturi ou navalha
de tudo me valho
porque o que vale
é o poema que vive
é o poema vivido.


(obs.: Este ainda vai pra mesa de cirurgia um dia... mas já tá vivo)

1.8.07

mais velhos poemas novos

Estou adorando essa coisa de refazer poemas pra montar meu livro! Porque eu pego uma coisa super dramática, um sentimento de morte, que eu não soube traduzir da melhor forma na hora, porque estava sendo levada só pelo sentimento, e transformo num belo poema, mais lapidado. E quando eu releio eu vejo que, agora, ele traduz muito mais e melhor o que eu sentia!... Segue o antigo novo poema:

velório

me vejo velando um enterro
os olhos vestidos de negro
choro sozinha

me vejo, vela em punho e véu,
a chorar uma morte
a minha

me vejo morta
estendida, dura, fria
e ainda em agonia...

assassinada sem réu
suicida sem carta de despedida
eu morro em vida.