25.11.11

SOBRADOROCK

É amanhã, pessoal! show do Arnaldo Brandão, com um time de feras! Madame Kaos apresenta o set de poesia... q tb vai contar com um time de feras! (a gente só se cerca de gente feroz) estão todos convidados!

24.11.11

SOLUÇOS E CABELOS CURTOS

você não devia
curar meus soluços sem sustos
não devia desarrumar assim os meus cabelos curtos
você não devia
roubar meus instantes
nas suas fotografias
capturar meus sorrisos, meus olhos fechados,
e as minhas covinhas mais distraídas...
você não devia me tornar poesia.
não devia me beijar como se fosse pressa
e me deixar sozinha.
você não devia me deixar sozinha
com meus soluços e cabelos curtos
sem foco, a luz estourada,
os óculos escuros
você não tem pressa
eu também tenho medo
você congela as minhas urgências
como uma fotografia
como se o meu desejo fosse foto
você me paralisa.

mas eu vou fugir, sabe?
já tenho tudo planejado.

vou fugir com seus beijos
para um lugar sem gente nem paisagem
passado ou futuro
suspenso e secreto
- você devia fugir comigo.

11.11.11

FLIPORTO - Olinda

Estarei lá com o Corujão da Poesia, na companhia dos amigos João Luiz de Souza, Betina Kopp, Paulo Beto Meirelles e Natália Parreiras.

2.11.11

é quase como aquele papo leminski de distraídos venceremos...

continuo com o Documento1 vazio. eu queria escrever e tudo o q consegui foi ler umas coisas aqui e ali q diziam algo do q eu sentia. quer dizer, nada. um nada tão magnificamente escrito q tudo o q eu fiz foi postar comentários desastrosos sobre coisa nenhum, aqui e ali. uma necessidade de dizer, não importa o quê, pq já não se tem nada a dizer. parece q tudo foi dito. e o Documento1 do word continua aberto, e vazio. faz tempo q eu não escrevo direto no blogue. esses tempos facebookianos... igualmente vazios. é preciso sempre ter uma frase impactante para ser "curtida". e eu nunca achei uma frase tão impactante quanto a vida. e no facebook eu tenho q ser ao mesmo tempo "feliz" e "poeta". e isso me parece um tanto estranho. tenho "curtido" coisas demais. e ainda continuo não sentindo nada. tb é estranho. "esta pessoa não está sentindo nada". ninguém criou ainda essa setinha no facebook. um dia criam e vira moda, q nem fotos de desenhos animados e campanhas e anti-campanhas do sus para o câncer do lula. o q eu mais gosto na rede são as mentiras disseminadas. eu tb minto muito, e sinto q posso ser acreditada. eu vou morar em londres por 12 meses, e vou curar o câncer de mama com isso. genial! quem disse q não existem mais gênios no mundo?! eu vou mentir, vc vai curtir, e isso é genial. eu tenho um projeto de disseminar notícias falsas todos os dias, até para os amigos. acho q eles vão ficar irritados comigo. mas a verdadeiras mentiras ("mentiras sinceras me interessam") não podem ser confessadas. são como um vírus... alguém espirra. a coisa vai no ar e ninguém sabe. tá todo mundo espirrando sem saber por quê. quem espirrou primeiro? foi a internet. quem é a internet? silêêêncio.... a próxima revolução, ou a próxima guerra, não se sabe..., será comandada pela internet. a internet pode ser o novo hitler, mas os campos de concentração ainda serão movidos a gás, e não a bytes. não se sabe. mas essa mentira me interessa, pq é sincera. tenho muito medo do q está por vir. mas ainda acredito q tem uns anjos por aí perdidos entre uns byes e uma mesa de bar. uns caras q mentem pra caralho e são péssimos partidos, q não vão comandar nenhuma revolução e nenhuma guerra, que não sabem manipular gases nem bytes, que não sabem manipular nada, nem as suas próprias existências. todos os anjos são distraídos... passam despercebidos... e de repente vão além.

1.11.11

MAIS UMA VEZ OSCAR

Nandito,
Hoje, ou outro dia, não lembro bem, passei horas trancada num sótão desconhecido. Era escuro e empoeirado, como todas as coisas desconhecidas. Muitos objetos esquecidos de sua utilidade ali repousavam. Não era um repouso tranquilo, era mais como um congelamento de queda. As coisas se penduravam por um fio, umas agarrando-se às outras para não cair, desesperadamente; porém imóveis. Não sei quanto tempo se passou. Mas eu não estava presa, não. Era mais uma liberdade poder se trancar no sótão, sabe. Eu era como aqueles objetos esquecidos de sua utilidade. Esquecida de minha utilidade, congelada no momento da queda, suspensa. E então eu era livre como cada objeto que já não se pode usar. Livre como uma bicicleta quebrada. Livre como um disco arranhado que se recusa a tocar. As coisas descartadas, esquecidas, são as únicas coisas verdadeiramente livres no mundo. As que se rebelam contra a sua função e conquistam o direito de não servir pra nada. Eu era muito ingênua, meu bem, quando subíamos na nossa casa na árvore e eu apontava os pássaros e as borboletas como ideais de liberdade. Verdadeiramente livre é um isqueiro sem gás. Perder o gás não é a morte do isqueiro; não, muito pelo contrário!, é a sua liberdade. A partir dali ele deixa de ser útil, e começa a viver. Então eu passei muitas horas trancada no sótão com coisas vivas e cada coisa conversava comigo, me contava a sua história, a verdadeira história de sua vida, de como começou a viver, quando conquistou o direito de não fazer nada. As coisas de que faltavam pedaços me confessavam, sim, sentiam falta dos pedaços partidos, sentiam dor nas estruturas retorcidas ou algo do tipo. Mas um relógio sem ponteiros me disse: é o preço que se paga para ser livre. E me disse comovido e orgulhoso: eu não marco as horas; eram elas que me marcavam. E me disse isso com uma lágrima parada nas 3 horas, 47 minutos e 3 segundos. Eu não marco as horas, eu sou livre. Mancando sobre meio ponteiro de segundo, mas com um sorriso firme. Foram horas magníficas, essas incalculáveis, que passei na companhia desses objetos obsoletos. Sei que você gostaria de conhecê-los, você que sempre me perguntou - o que é ser livre? E eu sempre disse cada hora uma coisa, e você sempre fez diferente do que eu disse. E foi sempre assim que a gente planejou as nossas viagens, né? Um desplanejamento estratégico, eu diria. Nandito, a gente precisa ser como uma mesa sem os pés. (E quando não há chão, quem precisa de pés?!) Um avião sem asas, de turbinas quebradas, é mais livre que todos os pássaros que fazem ninhos e espalham sementes pelo caminho. Os aviões quebrados incomodam demais na grandiosidade da sua liberdade. Não podem ser trancados no sótão, escondidos. Estão ali, exibindo descaradamente a sua liberdade à vista de todos; triunfantes. Inúteis. Eu os admiro. Quero viajar num avião quebrado, a que darei um nome como se dão aos barcos: Oscar. Como o nosso peixe que morreu, e tornou inútil e livre o nosso aquário. Oscar manda lembranças. Mais uma vez, Oscar. Em todas as viagens. Sinto sua falta, menino. Minha liberdade é mais livre com a sua.
Beijos quebraditos,
Beatritche


PS. Carta da série "Oscar manda lembranças", que é um livro que eu não termino e não publico, dedicado ao meu amigo Fernando Blauth Klipel.